Analog Me #009 - Uma semana de fotografias em Nova York
Pessoas interessantes, prédios enormes, monumentos históricos e muitos carrinhos de comida
Queridos amigos,
Mais uma vez, fiquei um tempo sumido. No entanto, eu realmente estive ocupado me formando na faculdade, participando de alguns eventos de fotografia e futebol, e reorganizando ideias e sentimentos.
Em outubro de 2023, tive a incrível oportunidade de visitar a tão famosa “cidade que nunca dorme”. Passei 7 dias andando pelas ruas de Nova York, fotografando pessoas e paisagens urbanas. Esta semana quero falar um pouco sobre minha breve experiência.
Uma cidade repleta de personagens e cenários famosos
Desde muito pequeno, Nova York se apresentou como um dos principais cenários para alguns dos meus filmes, séries e videogames favoritos. Por um lado, essa familiaridade sempre me fez sentir que eu deveria dar prioridade para conhecer destinos mais aventureiros primeiro, mas por outro, também me deixava louco para um dia ver e sentir o ritmo de uma das maiores cidades do mundo.
Na companhia de minha família, lá estava eu, caminhando pela 5th Avenue com minha câmera pendurada no pescoço. Posso dizer que tudo era um bocado maior do que eu imaginava: as calçadas, os prédios, as lojas, os parques, etc. Sem falar na quantidade de pessoas nas ruas… O movimento era constante. Fotografei diversos “personagens” interessantes.
Para quem quiser saber, ao meu dispor estava minha Pentax Spotmatic F, com uma lente Super Takumar 35mm f3.5, e alguns rolos de filme colorido e preto e branco. Queimei até um Kodak Vision 2 250 D vencido.
Sou um grande apaixonado por passeios pela natureza, viagens para o campo e todo tipo de experiência que seja capaz de trazer calmaria para o meu coração. Mas o frenesi de uma metrópole como Nova York também me agrada muito. Parece que sempre tem algo acontecendo. O nível de adrenalina e entusiasmo são realmente diferentes.
Fotografando Nova York
Estando em lugares muito movimentados, é fácil encontrar cenas que preencham o frame inteiro quando fotografadas. São camadas e mais camadas de informação. E eu gosto muito quando consigo fazer fotos que tenham diversos detalhes para se prestar atenção.
Para mim, fazer fotografia de rua foi quase que um instinto natural. Um clichê nova-yorkino? Talvez. Mas também é uma experiência cativante, bela e até emocionante. Sejam pelas roupas, atitudes ou certas feições, fica impossível de ignorar as pessoas. Me lembro de passar o dia andando, observando milhares de pessoas que passavam por mim, e torcendo para que não perdesse oportunidade nenhuma de fazer as fotos que eu precisava fazer. É como Alex Webb disse:
“Na fotografia de rua, não há como se esconder. Você está no meio da ação e precisa confiar em seu próprio julgamento, habilidade e coragem como fotógrafo para fazer uma fotografia significativa.”
No dia em que decidi ir até o tão famoso Central Park, também aproveitei para passar conhecer a grande loja da Apple, que fica praticamente em frente ao parque. Logo na entrada, me deparei com um homem mascarado, fazendo algum tipo de performance. Definitivamente, ignorá-lo não era uma opção. Logo que apontei a câmera, ele me encarou direto nos olhos. Foi intenso.
Como o bom documentarista que acredito que sou, em certos momentos, busquei não focar somente nas pessoas. Tentei fotografar de tudo um pouco. Se chamava a minha atenção de alguma forma, eu batia uma foto. Afinal de contas, esta era uma cidade nova para mim. E, sejamos sinceros, quando estamos viajando para algum lugar fora da nossa rotina, tudo parece interessante.
Às vezes, os elementos de um cenário se encaixavam de uma forma tão natural. Eu só precisava deixar a composição fluir. Coisas simples, como o alinhamento da placa da Madison Avenue com o Edifício Chrysler, tornaram-se protagonistas das minhas fotos.
Nova York realmente é uma cidade bastante turística. Existem pontos turísticos, prédios e lojas famosas espalhados por todo canto da ilha de Manhattan. Por isso mesmo, acaba sendo fácil criar fotos um pouco “óbvias”, de momentos e lugares “inevitáveis”.
Sinto que consegui evitar isso. Eu não podia, nem conseguiria, fotografar simplesmente como um turista. Mas, também não tenho a mesma visão de um fotógrafo local. Afinal de contas, o Gabriel é o Gabriel. Meus únicos objetivos eram registrar momentos que eu queria guardar na memória, e possibilitar que outras pessoas enxerguem a cidade através dos meus olhos. Foi interessante (e talvez um pouco desafiador) fazer isso através do meu estilo fotográfico.
Foi muito bom intercalar entre filmes coloridos e preto e branco. Minha escolha, sobre qual das opções eu fotografaria dependia dos meus sentimentos, vontade de procurar cores (ou não), programação para o dia, e do próprio clima da cidade.
Quando penso em algumas das minhas grandes referências na fotografia, como Garry Winogrand, Diane Arbus, Elliott Erwitt e muitos outros, lembro de seus registros monocromáticos da cidade de Nova York. Sempre quis fotografar como eles. Quando se ignora as cores, é necessário ter um olhar muito atento para o que realmente está acontecendo a sua volta.
Por outro lado, não há como esquecer de nomes como Joel Meyerowitz, Joe Greer ou Ernst Haas, alguns dos grandes responsáveis por capturar as cores da cidade. Às vezes, os tons de verde da natureza em um parque, ou o colorido das roupas das pessoas, gritam pela nossa atenção.
Algum tempo atrás, uma frase de Georgia O’Keefe passou por mim, e acredito de verdade que suas palavras tenham o mesmo valor para fotografia:
Não se pode pintar Nova York como ela é, mas sim como ela é sentida.
Toda paisagem, pessoa, animal ou qualquer outro assunto de uma fotografia, não é plenamente um registro do que aquilo realmente é. O ato de fotografar significa capturar o que nós mesmos sentimos sobre a essência de algo ou alguém. Eu fotografei a Nova York que me cativou.
Leitura Extra
Por hoje, é isso!
Foi muito bom retornar à essa viagem tão interessante enquanto eu escrevia o texto dessa edição da Analog Me. Admito que me deu bastante saudades. Espero que tenham gostado de ver e compreender um pouco sobre Nova York através dos meus olhos. Não se esqueçam de compartilhar com seus amigos.
Na próxima semana: Muitas vezes, fotografia envolve muita interação humana e sociabilidade. Mas a introspecção também tem um papel muito grande quando queremos evocar emoções através de nossas imagens.
Em duas semanas: Quero escrever sobre um dos queridinhos dos mestres da fotografia colorida. Ele mesmo, o Kodachrome 64. Um filme descontinuado pela Kodak, mas que marcou uma geração inteira de fotógrafos.
Obrigado pelo apoio e carinho de sempre.
Até a próxima,
Gabriel Wisniewski
Analog Me é uma newsletter produzida por Gabriel Wisniewski.
A edição #010 estará disponível em breve.
PS: todos meus filmes são revelados e digitalizados pelo pessoal do Lab:Lab Analógico, um dos mais importantes laboratórios fotográficos da América Latina. Tenho enorme respeito e admiração pela equipe deles.
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